Rotina do Sono: algumas pessoas dormem menos que o normal?

É muito comum ouvirmos por aí que o tempo médio ideal para uma rotina de sono saudável é um só para todos os adultos – porém, na prática não funciona assim, é algo variado para cada pessoa. Então, existem muitos relatos onde 7,8 horas ainda é pouco para acordar renovado e com as energias recarregadas; enquanto isso, outros relatam que apenas 5 horas de sono já basta para acordar novo em folha.

Mas, se para cada pessoa funciona de um jeito específico, como é que existe um tempo certo para todos? Será que, de fato, não é saudável que um indivíduo durma menos de 8 horas por noite, mesmo que fique satisfeito e se sinta bem? Você certamente já se questionou isso. Então, se quer entender um pouco mais, é só acompanhar nosso artigo até um final. Preparamos um material que vai te ajudar!

Discrepâncias na rotina do sono

Nos dias de hoje, existem vários estudos para compreender o motivo de algumas pessoas conseguirem descansar de forma efetiva, mesmo que durmam algumas horas a menos do que o recomendado para uma rotina de sono e uma noite saudável. Por que isso não acontece com certas pessoas? Muito pelo contrário, alguns indivíduos precisam de mais horas de sono para se sentirem renovados.

Louis Ptacek, pesquisador do departamento de neurologia da Universidade de Califórnia, nos EUA, diz que essa informação espalhada desde sempre de que são necessárias, no mínimo, 8 horas de sono para uma noite saudável, é apenas um mal entendido. De acordo com o especialista, afirmar isso é o mesmo que afirmar que todos os seres humanos devem medir 1.65cm – e quem for menor, ou maior, tem algo de errado.

Além disso, segundo descobertas recentes, nem todas as pessoas necessitam das mesmas horas dormidas para estarem descansados e prontos para encarar o dia. Então, cientistas afirmam ainda que, isso não é uma questão de comportamento ou de escolha; essa diferença está, na verdade, nos genes. Ou seja, algumas pessoas podem dormir de 4 a 6 horas por noite, e acordarem muito bem, porque foram naturalmente – ou melhor, geneticamente – projetadas para tal.

Pessoas cotovias  X  Pessoas Corujas

Ao lado de sua equipe, Ptacek tem realizado estudos e pesquisas, fazendo análises da rotina do sono de mais de 100 famílias, há mais de duas décadas. Ele relata que, no início, o foco da pesquisa era encontrar critérios e condições para definir indivíduos com ‘fase avançada do sono’ – ou como chamadas por aí, cotovias matinais. É assim que são chamadas as pessoas que tem o costume de dormir cedo e acordar cedo.

Contudo, as ‘cotovias matinais’ analisadas em seu levantamento, tinham uma diferença: elas acordavam cedo, mas, ao contrário do esperado, não dormiam cedo. Era exatamente esse critério analisado pelo pesquisador e sua equipe. Afinal, existem famílias que são ‘cotovias matinais’ ao mesmo tempo em que são ‘corujas notívagas’. Isto é, pessoas que conseguem ficar acordadas até muito tarde e, mesmo assim levantar cedo.

Observando essas famílias, a equipe de Ptacek entendeu que tais condições eram bastante diferentes. Estamos falando de pessoas com o ‘sono curto natural’. Isso despertou a curiosidade da equipe. Mais para frente, eles descobriram 4 genes associados a esta condição; o que se sabe até o presente momento, é que esses são genes raros. É estimado que, a cada mil pessoas, somente uma pertença ao grupo de cotovias e corujas simultaneamente.

Sono eficiente

Segundo o estudo de Ptacek, esses genes especiais colaboram para que sejam revelados os segredos do sono eficiente. Então, inclusive, por meio desses genes os estudiosos puderam verificar que essas pessoas, que dormem pouco naturalmente, também apresentam diferenças em sua capacidade de adaptação; afinal, elas são realmente mais adaptáveis do que o normal. Também existem grandes suspeitas de que exista uma inclinação para que elas sejam seres mais saudáveis. Chocante, não é?

Além disso, a pesquisa revela o quanto as pessoas portadoras desses genes são muito mais funcionais do que a média. Então, sendo assim, todas as evidências levam a crer que, talvez, o sonho desses indivíduos seja mais eficiente. Porém, o que isso significa? Os pesquisadores também querem descobrir isso; são, ao todo, 25 anos de pesquisas e estudos, e agora Ptacek e seu time estão a poucos passos de descobrir e desvendar esses mistérios.

Muito além do sono

Nos dias de hoje, novos estudos e pesquisas já estão sendo feitas com o intuito de explorar as características dos genes relacionados ao possível sono eficiente. Ah! Inclusive, em um experimento recente, os estudiosos usaram esses genes; os aplicando em camundongos portadores de Alzheimer. Então, assim foi possível perceber que esses animais apresentaram maior resistência.

Logo, muito animados, os pesquisadores afirmam que a resposta obtida com o experimento sugere que o uso desses genes seja para fins terapêuticos. Desse modo, eles não descartam, de maneira alguma, a hipótese de que, no futuro, tal conhecimento biológico seja benéfico para o tratamento de algumas doenças – neurodegenerativas, psiquiátricas, diabetes, vários tipos de câncer e até obesidade.

Podemos comparar o estudo da rotina do sono com um enorme quebra-cabeça, onde a imagem ainda não ficou clara. Contudo, o processo para descoberta dessa imagem já está em curso; com a exploração e pesquisa do maior número de peças possíveis, sempre com muito cuidado. Aliás, toda e qualquer fase desse processo importa; além disso, uma descoberta encaixa em outra, e assim sucessivamente, até que todo o quebra-cabeça esteja completo.

A rotina do sono e seus mistérios

Então, caro leitor, ainda há muito o que entender quando se trata da rotina do sono. É interessante imaginar que algo misterioso acontece enquanto dormimos. E esse mistério é capaz de recarregar as energias, renovar todas as nossas funções e nos fazer acordar restaurados. Além disso, por essa razão, desvendar os mistérios da eficiência do sono pode entregar um resultado de impacto para a saúde das pessoas do mundo inteiro.

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